Dentes X Refrigerantes
Tomar refrigerante acarreta a erosão dental, processo caracterizado pela perda do tecido duro da superfície dos dentes. É o que comprova pesquisa coordenada por Jaime Cury, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, vinculada à Universidade Estadual de Campinas. Os resultados do estudo foram publicados na Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo (volume 13; número 2).
O tecido duro da superfície dos dentes se divide em duas camadas: a mais externa corresponde ao esmalte e a mais interna, à dentina. A redução da dureza tanto do esmalte quanto da dentina deixa os dentes com má aparência, além de causar dor. De acordo com o trabalho de Jaime e sua equipe, quanto mais freqüente é o consumo de refrigerante, mais grave é a erosão dental. E, mesmo depois que o refrigerante pára de ser consumido, a ação da saliva não é suficiente para recuperar totalmente o tecido duro da superfície dos dentes.
O tratamento restaurador do esmalte e/ou da dentina é difícil, oneroso e requer contínuo acompanhamento”, dizem os pesquisadores no artigo. “Em função da natureza do fenômeno de erosão somente medidas de promoção de saúde bucal poderiam contribuir para o seu controle”, comentam. “Deste modo, orientação para reduzir a freqüência de contato dos dentes com refrigerantes, alimentos ácidos ou medicamentos é o conselho mais lógico e efetivo.”
Os pesquisadores produziram blocos de esmalte e de dentina a partir de dentes bovinos. “Foi escolhido dente bovino não só pela facilidade de obtenção, mas principalmente pelo fato de ter comportamento similar ao de dentes humanos em estudos de erosão”, explicam no artigo. Os blocos foram colocados na cavidade bucal de seres humanos, que, durante o estudo, ingeriram de um a oito copos de refrigerante por dia.
A análise dos blocos após o consumo de refrigerante – bebida de elevada acidez – revelou “perdas irreversíveis de dureza do esmalte e da dentina”, relatam Jaime e sua equipe no artigo. “Medidas de promoção de saúde bucal devem ser enfatizadas devido à natureza do fenômeno de erosão dental provocado por ácidos também de outras origens”, concluem.
Agência Notisa